terça-feira, 1 de outubro de 2013

Exposição no Whitney Museum dedica-se aos desenhos de um dos maiores artistas americanos do século 20, Edward Hopper


31.07.2013
texto
livia debbané

Hopper Drawing é a primeira exposição do artista americano Edward Hopper (1882–1967) com foco em seus desenhos. Organizado pelo Whitney Museum, de Nova York, que possui a maior coleção do artista, a mostra coloca o suporte como elemento-chave de seu processo criativo. Dos 2500 desenhos que foram doados em 1968 ao Whitney pela viúva do artista, Josephine Hopper, a curadoria selecionou 200, entre estudos da época de estudante, croquis e esboços preparatórios para suas pinturas. Como complemento, estão 21 telas, entre elas as célebres Early Sunday Morning (1930), New York Movie (1939), Office at Night (1940) e Nighthawks (1942).


O percurso da exposição começa em uma ilha no centro de uma grande sala, onde estão desenhos do início da carreira e mostram o talento do então jovem artista: nus, caricaturas e estudos das mãos. Ao redor dela, um apanhado de desenhos feitos ao longo da carreira mostram a diversidade dos temas aos quais ele se dedicou, com autorretratos e belíssimas paisagens, e alguns estudos para pinturas que não participam da exposição. Esta primeira sala é uma introdução; na sequência, cada sala estabelece diálogos entre desenhos preparatórios e as pinturas que resultaram destes.
Em entrevista dada a um jornal nova-iorquino, Carter Foster, curador da mostra, diz que apesar de Hopper ser chamado de realista, seu verdadeiro processo "era sobre a memória, a maneira como esta infunde a subjetividade, e ele se centrou na memória material da cidade." A tese de Foster é que Hopper não foi menos um pintor da realidade que um pintor de uma cena imaginada. Se por um lado, o artista era observador dedicado da cidade e suas cenas, e fazia incessantemente seus estudos in loco - em alguns desenhos, é possível notar o traço apressado e grosseiro do voyeur -, por outro, as pinturas eram concretizadas no estúdio, misturadas à memória e à imaginação. As obras são uma amálgama entre observação e invenção. Nas palavras de Foster, Hopper foi um sintetizador.
O real não bastaria para que o pintor pudesse de tal maneira monumentalizar o "american way of life". As pinturas de Hopper foram capazes de eternizar como poucas a vida íntima das casas, dos bairros, dos bares, das ruas e das estradas americanas. O silêncio que surge de suas telas, a atenção aos detalhes supérfluos, a carga emocional e a capacidade de síntese só poderiam ser frutos de um processo lento e silencioso no estúdio. Artista é aquele que faz o difícil parecer simples.
Hopper Drawing
quando: até 6 de outubro
onde: whitney museum | 945 madison avenue at 75th street, nova york