segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Marcelo Mosqueta transportando paisagens

Fonte: http://www.pipa.org.br/pag/artistas/marcelo-moscheta/
Quem quiser ver os vídeos de Marcelo acessa
http://www.pipa.org.br/pag/artistas/marcelo-moscheta/
ou
Site: www.marcelomoscheta.art.br

atacama linha tropico de capricornio
linha tempo espaço 2



















Sobre o artista
Um fio condutor na obra de Moscheta é a grande fascinação que tem
pela natureza, assim como a sua disposição aberta à viagem e à
experiência da paisagem. Essa experiência de viajar e conviver em
ambientes agrestes despertou seu interesse em retratar, por meio de
suas obras, a memória de um lugar, elaborando um procedimento de
classificação similar ao arqueológico e que questiona, por meio da
arte, as fronteiras do território, da geografia e da física.
Desde o início da sua carreira artística, no ano 2000, tem realizado
instalações, desenhos e fotografias que nascem de seus deslocamentos
por lugares remotos, onde vai juntando objetos que provêm da
natureza e que ele reproduz por meio do desenho e da fotografia.
Destacam-se em seu currículo as exposições individuais “1.000 km,
10.000 anos” (2013), na Galeria Leme e a instalação
“Contra.Céu” (2010) realizada na Capela do Morumbi. Comissionado
pela 8ª Bienal do Mercosul (2011), realizou sua pesquisa em toda a
extensão da fronteira entre Brasil e Uruguai. Também em 2011
participou de residência artística à bordo de um veleiro em
Spitsbergen, no Pólo-Norte, resultando na exposição “NORTE” (2012),
realizada no Paço Imperial. Em 2013 participa da coletiva “THE
MAGNECTIC NORTH” no Lousiana Museum of Modern Art em Copenhagen.
Em 2010 foi ganhador do 1º Prêmio Investidor Profissional de Arte
(PIPA) na categoria Júri Popular, com exposição no MAM do Rio de
Janeiro. Em 2009 foi premiado na Bienal de Gravura de Liège e fez
residência em Vila Nova de Cerveira para a Bienal de Portugal, tendo
participado também da 4ª edição do Rumos ItaúCultural. Em 2013,
participa da publicação “Vitamin D2″, Editora Phaidon, uma antologia
do desenho contemporâneo.
Possui obras nas coleções Gilberto Chateaubriand, MAM-Rio, Lhoist
Collection – Bruxelas, RNA Foundation em Moscou, Deutsche Bank,
Banco Espírito Santo, MAM Bahia, MAC Goiânia, MAM São Paulo,
Itaú Cultural, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MAMAC Liège.
Artista representado pela Galeria Leme.








MAC USP

28 SET 2013 - 27 JUL 2014
Entrada Gratuita

Fronteiras Incertas:
arte e fotografia no acervo MAC USP



Educativo:
55 11 5573-5255
Imprensa:
55 11 3091-3018
MAC USP Nova Sede
Av. Pedro Álvares Cabral, 1301 - São Paulo-SP, Brasil Horário de funcionamento:
Terça das 10 às 21; Quarta a domingo, 10 às 18 horas
Segundas: fechado



Um dos principais desafios do MAC USP é refletir de forma crítica sobre o legado que nos deixaram as várias vertentes da arte das últimas décadas e suas supostas superações. De que maneira? Colocando determinadas obras produzidas há algum tempo em franco confronto com a produção mais atual. Neste sentido, Fronteiras Incertas: Arte e Fotografia no Acervo do MAC USP , com curadoria de Helouise Costa, responde a esse propósito, fazendo aderir à produção mais recente uma espessura histórica, uma espécie de “antes” pouco conhecido pelo meio artístico em geral apenas preocupado com o “agora”.
O “novo” na arte – tão propalado pelos meios de divulgação massiva, que entendem a obra de arte apenas como mais uma mercadoria, sem passado e sem futuro, a ser rapidamente consumida e descartada –, necessita ser continuamente revisto. A produção artística atual carece de uma instância que lhe confira certa dimensão temporal, uma espécie de âncora que a impeça do descarte já na próxima feira. Uma instância que a resgate do descarte rápido, que lhe confira, enfim, substância histórica.
O museu de arte contemporânea, enquanto instituição, deve ser esta instância e o MAC USP vem reivindicando para si este papel: ao receber criticamente o “novo”, amalgamando-o às obras que o pressupõem, ou que dele parecem nem fazer ideia, sublinha que as transformações na arte – felizmente! –, tendem a caminhar de maneira menos célere, diferente do universo da mercadoria pura e simples.
Tadeu Chiarelli
Diretor




© 2013 Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo

33º Panorama da Arte Brasileira

MAM


P33: Formas únicas da continuidade no espaço

Sede do MAM São Paulo é tema do 33º Panorama da Arte Brasileira, que ocupa o museu a partir do dia 05 de outubro e se estende para o centro da cidade a partir do dia 19 de outubro.

Com o título P33: Formas únicas da continuidade no espaço, esta nova edição da mostra, em cartaz até 15 de dezembro, lança olhar para o próprio museu, sua missão e seu histórico, com obras e projetos de 32 convidados, escolhidos pela curadora Lisette Lagnado e pela curadora-adjunta Ana Maria Maia. Pela primeira vez em 33 edições do Panorama, grupo selecionado integra a participação de arquitetos. Imagine o Museu de Arte Moderna de São Paulo como um híbrido estrutural dele próprio com os MAMs do Rio e da Bahia. Ou o prédio sendo transportado da marquise de Oscar Niemeyer para um corredor suspenso de três quilômetros de extensão sobre o parque Ibirapuera. Ou, quem sabe, migrando de volta ao centro da cidade, seu endereço entre 1949 e 1958. Esses e outros quatro projetos idealizados por escritórios de arquitetura são variações sobre um mesmo desafio, lançado pelo 33º Panorama da Arte Brasileira: uma nova sede para o MAM São Paulo. A mostra abre no dia 05 de outubro, sábado, às 12h. No dia 19 de outubro, o Panorama se estende para vários pontos do centro da cidade. Já nos dias 26 e 30 de outubro e 13 de novembro, no auditório do MAM, serão realizados encontros gratuitos e abertos ao público, com a participação de convidados especiais, como o arquiteto Philippe Rahm.
Batizada de P33: Formas únicas da continuidade no espaço – numa referência à escultura futurista homônima de Umberto Boccioni, que já integrou o acervo do MAM e atualmente pertence ao MAC ­–USP, a nova edição da tradicional mostra bienal propõe uma reflexão própria ao campo da utopia, já que, na prática, o MAM não está buscando uma nova sede.
Além dos arquitetos, que, pela primeira vez, participam de um Panorama, a curadora Lisette Lagnado selecionou artistas brasileiros e estrangeiros, que apresentam obras novas ou antigas (sendo cerca de 50% delas comissionadas), sempre correlacionadas ao debate proposto pela exposição. A lista reúne um total de 32 convidados, fruto das pesquisas de Lagnado e da curadora-adjunta Ana Maria Maia em São Paulo, Recife, Rio, Belo Horizonte e Salvador, guiadas pelos núcleos modernistas no Brasil, e também em San José (Costa Rica) e em Montevidéo (Uruguai). Essas escolhas ativam o caráter “retroprospectivo” da exposição, uma vez que há trabalhos que trazem documentos e obras do passado e outros que conjecturam uma dimensão projetiva.
Quando foi convidada pelo MAM, no ano passado, a assinar a curadoria deste Panorama, Lagnado queria uma abordagem inédita, a exemplo de Panoramas anteriores. Decidiu, então, investigar as funções que a mostra criada em 1969, por Diná Lopes Coelho (diretora do museu até 1982), havia cumprido ao longo de sua trajetória. Durante esse processo, ela chegou a uma série de conclusões: o Panorama não só inseriu o MAM na cena artística brasileira e ajudou a instituição a formar o próprio acervo (depois que sua coleção fora doada, em 1963, para a Universidade de São Paulo), como também acabou com divisões em suportes e linguagens, descentralizou o eixo Rio-São Paulo, teve um curador estrangeiro e incluiu artistas não-brasileiros.
Pensou, então, sobre o que faltaria para a mostra hoje. A resposta: uma sede adequada para desenvolver um programa à altura de uma coleção que continua crescendo. “Tomei a falta de uma sede especialmente projetada para o MAM como ponto de partida para convidar arquitetos a pensar”, conta Lagnado, reportando-se ao fato de o MAM ter sido instalado sob a marquise de Niemeyer na década de 60 em caráter precário e lá ter permanecido. “Percebi que a maioria dos artistas jovens desconhece essa trajetória que começa em 1948, no bairro do Brás – aliás, a primeira de várias sedes provisórias. A segunda exposição, em 1949, já acontece na Rua 7 de Abril, no edifício Guilherme Guinle”, completa ela.
Por causa dessa relação do começo da história do museu com o centro de São Paulo, o Panorama, além de ser exposto na sede do MAM, trará o projeto de um MAM difuso e urbano, assinado pelo escritório gruposp, a partir do dia 19 de outubro, nos seguintes pontos da região central: o Edifício Esther, na Praça da República; o Edifício Guilherme Guinle, na Rua 7 de Abril; uma empena vazia na esquina das Ruas 7 de Abril e Dom José de Barros; a Galeria Nova Barão, na Rua 7 de Abril; e a Livraria Calil, na Rua Barão de Itapetininga, com a implantação do Novo Museo Tropical – este idealizado por Pablo León de la Barra, que sustenta a ideia de um museu nômade e com acesso direto pela rua.
Nesses pontos, haverá intervenções e instalações de artistas, como a obra de Dominique Gonzalez-Foerster na Galeria Nova Barão, criada especialmente para o Panorama, na qual ela reinterpreta um posto de salvamento da orla do Rio de Janeiro (1976), do arquiteto Sergio Bernardes.
No MAM, o P33: Formas únicas da continuidade no espaço ganhará destaque na Grande Sala e Sala Paulo Figueiredo. Na Grande Sala, todas as divisórias serão removidas, criando um espaço amplo e dando visibilidade a paredes em tons azul e cinza, seguindo o projeto de Lina Bo Bardi (com André Vainer e Marcelo Carvalho Ferraz) para o local. Nesse sentido, a porta principal de entrada do museu também muda durante o Panorama: o acesso se dará na face em frente do pavilhão da Bienal, voltando à circulação implantada por Lina.
Nesse rol de artistas e arquitetos dialogando entre si, Montez Magno dará a identidade do P33. “O trabalho dele faz um elo entro a arte e a arquitetura”, conta a curadora-adjunta Ana Maria Maia, referindo-se a uma síntese que caracteriza a arte construtiva e a própria produção dele no final dos anos 1950. “O pensamento de Montez estará espalhado pelo Panorama. É um artista que fala da liberdade para a arquitetura, advinda da arte, e da concretude para a arte, advinda da arquitetura.”

Encontros com artistas e arquitetos

Durante o Panorama, o auditório do MAM sediará três encontros abertos ao público. No dia 26 de outubro (sábado), a partir das 11h, o tema do debate será Um Novo MAM, por que e para quem?, com as participações de Marcelo Morettin (Andrade e Morettin),  Ângelo Bucci (SPBR), João Sodré (gruposp), Anne Save de Beaurecueil (SUBdV), Lucho Oreggioni e Bernardo Martin (y Arquitectura), Rodrigo Cerviño (Tacoa) e Isadora Guerreiro (Usina). No dia 30 de outubro (quarta-feira), às 19h, o produtor e crítico de arte Jochen Volz e Lígia Nobre, co-curadora da X Bienal de Arquitetura de São Paulo, falarão sobre Pavilhão de Arte. Estudo de caso: Inhotim e Serpentine.  No dia 13 de novembro, às 19h, o arquiteto Philippe Rahm conduzirá a mesa Arquitetura Meteorológica.

Patrocínio

Este ano, a exposição é patrocinada com verba de R$ 700 mil, obtida através da Festa Panorama, realizada no ano passado pelo Núcleo Contemporâneo do MAM, grupo de associados ao museu, com foco de interesse voltado à arte contemporânea. O evento teve o objetivo de arrecadar fundos com a venda de obras-convite, assinadas por artistas que já haviam participado de outras edições do Panorama.

Breve histórico do MAM São Paulo

:: 1948 É fundado por Ciccillo Matarazzo.
:: 1949 Ganha sede oficial no 3º andar do prédio dos Diários Associados, na Rua 7 de Abril.
:: 1963 Sem sede, seu acervo é doado para a USP.
:: 1969 Com a mostra Panorama de Arte Atual Brasileira, fixa novo endereço no antigo Pavilhão Bahia, na marquise do parque Ibirapuera, onde permanece até hoje.

Convidados

Affonso E. Reidy
Andrade e Morettin
Arto Lindsay
Bárbara Wagner / Benjamin de Búrca
Beto Shwafaty
Clara Ianni
Daniel Steegmann Mangrané
Deyson Gilbert
Dominique Gonzalez-Foerster (com Sérgio Bernardes e Décio Pignatari)
Federico Herrero
Fernanda Gomes / Pat Kilgore
Francisco Du Bocage
gruposp
Lina Bo Bardi
Marcel Gauthérot
Mauro Restiffe
Michel Aertsens
Montez Magno
Oscar Niemeyer
Pablo León De La Barra (em colaboração com Leandro Nerefuh e Yona Friedman)
Pablo Uribe
Per Hüttner (com Öyvind Fahlström e Mira Schendel)
Philippe Rahm
Porfírio Valladares
spbr
SUBdV
Tacoa
Usina
Vitor Cesar
Vivian Caccuri
y Arquitectura (com Ferreira Gullar)
Yuri Firmeza / Amanda Melo da Mota

Curadora

Crítica de arte e curadora independente, Lisette Lagnado tem doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo sobre o Programa ambiental de Hélio Oiticica. Entre seus recentes trabalhos, estão a curadoria da 27ª Bienal de São Paulo (Como viver junto, 2006) e da mostra Desvíos de la deriva (Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, 2010). É autora, no Brasil, do livro Leonilson. São tantas as verdades (esgotado). Entre 2001 e 2010, foi coeditora da revista online Trópico, hospedada no UOL. Atualmente, junto com Mirtes Marins de Oliveira, coordena o Curso de Curadoria na Escola São Paulo.

Curadora-adjunta

Ana Maria Maia é jornalista (UFPE, 2007) e mestre em História da Arte (Faculdade Santa Marcelina, 2012), com dissertação sobre a recepção crítica da obra de Flávio de Carvalho entre o moderno e o contemporâneo.  Desde 2006, pesquisa e escreve sobre arte. É professora de História da Arte da Escola São Paulo. Fez parte do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake (2011-2013), foi curadora do Rumos Artes Visuais, do Itaú Cultural (2011-2012) e assistente de curadoria da 29ª Bienal de São Paulo (2009-2010). Colaborou com o Programa Experiência 2012, do setor educativo do Itaú Cultural.

Endereços do 33º Panorama da Arte Brasileira

MAM São Paulo
Parque Ibirapuera, portão 3.
MAM difuso e urbano. (projeto do escritório gruposp)
(inauguração sábado, 19 de outubro de 2013, com desfile de Arto Lindsay)
Edifício Esther
Praça da República, 76.

Edifício Guilherme Guinle
Rua 7 de Abril, 230.

Empena vazia (Federico Herrero)
Esquina das ruas 7 de Abril e Dom José de Barros.

Galeria Nova Barão (Arto Lindsay e Dominique Gonzalez-Foerster)
Rua 7 de Abril, 154.

Novo Museu Tropical
(inauguração sábado, 19 de outubro de 2013)
Lançamento do catálogo da exposição
(sábado, 14 de dezembro de 2013, às 11h)
Livraria Calil (Pablo León de la Barra com Leandro Nerefuh)
Rua Barão de Itapetininga, 88

Exposição em cartaz até 15 de dezembro de 2013. Entrada gratuita.
Agendamento gratuito de visitas em grupo: +55 11 5085-1313 ou 
educativo@mam.org.br

terça-feira, 1 de outubro de 2013

uma das mais importantes do circuito, bienal de lyon traz a versatilidade contemporânea da narrativa nas artes visuais


05.09.2013
texto
camila belchior
fotos
hannah paton, hugo glendinning e divulgação   
disponível em: http://www.bamboonet.com.br/posts/uma-das-mais-importantes-do-circuito-bienal-de-lyon-traz-a-versatilidade-contemporanea-da-narrativa-nas-artes-visuais

Meanwhile... Suddenly and Then (Enquanto Isso... De Repente e Então), título da 12ª Bienal de Lyon, que começa no dia 12 de setembro, encapsula a essência de uma mostra que pretende, desde o título expansivo até o formato multiplataforma, afirmar a importância de se deixar levar pelas possibilidades variadas que a arte tem de contar histórias e, por meio delas, renovar a atenção à forma.
Diretor-artístico da bienal desde a sua criação, Thierry Raspail convida os curadores temporários a pensar na mostra a partir de uma palavra-chave que se mantém por três edições do evento. A primeira, em 1991, foi “história”; em 1997, “global”; e, em 2003, “temporalidade”. Desde 2009, o tema vigente é “transmissão”. Instigado a pensá-lo como guia para a sua curadoria, o islandês Gunnar Kvaran retrucou: “narrativa” – e assim estabeleceu-se o mote central desta 12ª edição.
“Para alguns, a arte é uma linguagem estruturada com uma narrativa óbvia; para outros, é uma imagem silenciosa com algo vago a ser dito sobre ela”, diz Raspail em seu texto de apresentação. A arte como um vasto campo no qual forças antagonistas operam – e as obras finais são fruto dessa dinâmica – parece ser o formato mais coerente de pensar e mostrar a produção atual entre as bienais mais relevantes deste ano, em Veneza e Istambul.
Além da exposição, a mostra francesa terá outras duas plataformas. Num laboratório de criação e experimentação, obras da coleção do Museu de Arte Contemporânea de Lyon e trabalhos de artistas em residência e de amadores estarão lado a lado para apresentar uma nova forma de se relacionar com o mundo. E no Résonance, coletivos de artistas, galerias jovens, pequenas instituições e pessoas engajadas com a arte vão estabelecer um contraponto à exposição com suas atividades independentes. “As narrativas estão em todo lugar e hoje são uma parte integral da nossa vida diária”, afirma Kvaran.
As obras dos artistas-contadores de histórias se pulverizarão pela cidade. Entre os participantes, Kvaran destaca Erró, Yoko Ono e Alain Robbe-Grillet como os primeiros a chamarem a sua atenção pela capacidade de inventar “uma política de narrativa visual”. E também Robert Gober, Jeff Koons, Matthew Barney, Fabrice Hyber, Tom Sachs e Paul Chan, artistas cujas carreiras ele acompanha de perto e que inovam, exploram e dão diferentes formas às histórias que contam. 
Entre os brasileiros, Jonathas de Andrade Souza conta, numa instalação conceitual, a história de um pedaço de doce; Thiago Martins de Melo, com pinturas em grande formato, revela os sonhos de sua mulher; Paulo Nazareth reconta uma performance-caminhada que percorre milhares de quilômetros da África do Sul à Bienal de Lyon; Paulo Nimer Pjota faz uma intervenção na fachada do La Sucrière e telas que reúnem plantas, tanques de guerra, caveiras, palavras e frases em narrativas metafóricas, oníricas, instigantes e enraizadas na arte de rua paulistana. A mise-en-scène a partir de colagens, fotos, desenhos, objetos e textos do carioca Gustavo Speridião seduz pelo seu engajamento multifacetado com o mundo que o rodeia.
Diferentemente de outros contadores de histórias contemporâneos, como políticos, publicitários e roteiristas de novelas, os artistas “imaginam as narrativas de amanhã: narrativas que dispensam o suspense e a empolgação da ficção globalizada de Hollywood. As suas são narrativas totalmente novas que nos desfamiliarizam e reestabelecem uma complexidade e estranhamento para com o mundo”, diz Kvaran. Na Bienal de Lyon, as histórias nem sempre serão lineares ou palatáveis, mas certamente estimularão os visitantes a pensar as suas próprias histórias sob novas formas.
12ª Biennale de Lyon
quando: de 12/09 a 05/01/2014
onde:
diversos lugares em lyon, frança
biennaledelyon.com

Exposição no Whitney Museum dedica-se aos desenhos de um dos maiores artistas americanos do século 20, Edward Hopper


31.07.2013
texto
livia debbané

Hopper Drawing é a primeira exposição do artista americano Edward Hopper (1882–1967) com foco em seus desenhos. Organizado pelo Whitney Museum, de Nova York, que possui a maior coleção do artista, a mostra coloca o suporte como elemento-chave de seu processo criativo. Dos 2500 desenhos que foram doados em 1968 ao Whitney pela viúva do artista, Josephine Hopper, a curadoria selecionou 200, entre estudos da época de estudante, croquis e esboços preparatórios para suas pinturas. Como complemento, estão 21 telas, entre elas as célebres Early Sunday Morning (1930), New York Movie (1939), Office at Night (1940) e Nighthawks (1942).


O percurso da exposição começa em uma ilha no centro de uma grande sala, onde estão desenhos do início da carreira e mostram o talento do então jovem artista: nus, caricaturas e estudos das mãos. Ao redor dela, um apanhado de desenhos feitos ao longo da carreira mostram a diversidade dos temas aos quais ele se dedicou, com autorretratos e belíssimas paisagens, e alguns estudos para pinturas que não participam da exposição. Esta primeira sala é uma introdução; na sequência, cada sala estabelece diálogos entre desenhos preparatórios e as pinturas que resultaram destes.
Em entrevista dada a um jornal nova-iorquino, Carter Foster, curador da mostra, diz que apesar de Hopper ser chamado de realista, seu verdadeiro processo "era sobre a memória, a maneira como esta infunde a subjetividade, e ele se centrou na memória material da cidade." A tese de Foster é que Hopper não foi menos um pintor da realidade que um pintor de uma cena imaginada. Se por um lado, o artista era observador dedicado da cidade e suas cenas, e fazia incessantemente seus estudos in loco - em alguns desenhos, é possível notar o traço apressado e grosseiro do voyeur -, por outro, as pinturas eram concretizadas no estúdio, misturadas à memória e à imaginação. As obras são uma amálgama entre observação e invenção. Nas palavras de Foster, Hopper foi um sintetizador.
O real não bastaria para que o pintor pudesse de tal maneira monumentalizar o "american way of life". As pinturas de Hopper foram capazes de eternizar como poucas a vida íntima das casas, dos bairros, dos bares, das ruas e das estradas americanas. O silêncio que surge de suas telas, a atenção aos detalhes supérfluos, a carga emocional e a capacidade de síntese só poderiam ser frutos de um processo lento e silencioso no estúdio. Artista é aquele que faz o difícil parecer simples.
Hopper Drawing
quando: até 6 de outubro
onde: whitney museum | 945 madison avenue at 75th street, nova york


Ana Paula Oliveira destaca o efêmero em instalação com borboletas vivas na Galeria Millan

Uma metamorfose que se revela diante dos olhos da artista e do público. Esse é o ponto de partida do novo trabalho de Ana Paula Oliveira, que a Galeria Millan apresenta até o dia 19 de agosto. Em Ainda que te vi, Ana Paula propõe uma instalação capaz de deslocar o corriqueiro de lugar, sugerindo um novo olhar e uma compreensão diferente em torno de borboletas vivas, que desabrocham dentro do espaço da galeria. O que passa despercebido no ambiente natural, ganha destaque no trabalho da artista, que por meio de lentes de aumento e estruturas suspensas, muda nossa percepção em cima do pequeno inseto. Do belo ao assustador, os animais evoluem de crisálidas a coloridas borboletas aos poucos, diante dos olhos de quem passa pela exposição.  
Ali, instalação, esculturas, fotografias e vídeos compõem a mostra, composta basicamente por crisálidas vivas, cultivadas primeiro na região do Pantanal. Trazidas para São Paulo, o objetivo é explorar o processo de transformação de substâncias e a tensão entre elementos naturais e seus sistemas de cultivo, pesquisas recorrentes na trajetória da artista. Na instalação, fixadas acima de grandes placas de mármore suspensas por cabos de aço, as crisálidas pairam sobre os visitantes e desabrocham cada uma a seu tempo, em uma metamorfose constante e natural – em uma metáfora de como a vida deveria ser para todos.
O conjunto de esculturas expostas cria um sistema no qual tudo é controlado: da altura das pedras ao grau das lentes de aumento, que permitem uma melhor visualização dos animais, até o tempo de eclosão, na qual as crisálidas transmutam-se em belas borboletas. A tensão é latente nos deslocamentos físicos e temporais propostos pela instalação, na expectativa do ápice da metamorfose das crisálidas e nas relações que surgirão entre as borboletas metamorfoseadas voando pela galeria e os visitantes da mostra. Dentro desse ambiente artificial, os insetos renascem, livres da limitação do casulo. Uma verdadeira experiência de metamorfose, que sem dúvida, se reflete no espectador.
 
texto
brunna radaelli
     
 


os desfiles audaciosos da prada são resultado da parceria de anos com o escritório de rem koolhaas

20.09.2013
texto
camila belchior
fotos
agostino osio, giovana silva, marco beck peccoz e divulgação
peccoz e divulgação
disponível em http://www.bamboonet.com.br/posts/os-desfiles-audaciosos-da-prada-sao-resultado-da-parceria-de-anos-com-o-escritorio-de-rem-koolhaas?utm_source=newsletter&utm_campaign=be4ab1cd81-newsletter_30_30_setembro_20139_30_2013&utm_medium=email&utm_term=0_f1c911abd5-be4ab1cd81-70880925        
 
Uma troca de experiências e habilidades entre arquitetos e estilistas. Assim tem sido a parceria entre dois gigantes inovadores, o escritório de arquitetura OMA/AMO, do holandês Rem Koolhaas, e a marca italiana Prada. Desde 2000, eles atuam juntos no branding da grife e em projetos experienciais, como os audaciosos desfiles. Arquiteto associado responsável por todos os trabalhos com a Prada, Ippolito Pestellini contou à Bamboo como funciona essa união.
Bamboo Como foi o início da parceria do escritório OMA/AMO com a Prada?
Ippolito Pestellini A Prada buscava uma pesquisa aprofundada para entender o que ela representava para além da produção comercial e para redefinir a sua identidade. Isso durou um ano e culminou na definição de um conceito de design, em projetos arquitetônicos e na construção de duas lojas, em Nova York e Los Angeles.
B E como isso foi transmitido para as passarelas e os desfiles?
IP As passarelas são o motor da nossa colaboração. Por meio delas, conseguimos entender o processo criativo na moda. O desenho da coleção e o da passarela começam ao mesmo tempo, com uma troca riquíssima entre estilistas e designers. Uma passarela não só apresenta a coleção, ela comunica um conceito. Por isso, queremos sempre criar uma nova e surpreendente experiência. Colaboramos há dez anos e iniciamos com o redesenho da configuração de um desfile. Antes, o público sentava em fileiras retas. Nós distorcemos isso para algo mais complexo, mais aberto e, ao mesmo tempo, mais íntimo. Passamos então por uma fase mais política, na qual reinventamos os papéis que existiam na plateia, cancelando a hierarquia das fileiras. Todo ano repensamos a mecânica da plateia.