quarta-feira, 26 de agosto de 2015

BORIS KOSSOY


BORIS KOSSOY – 50 ANOS DE FOTOGRAFIA


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Foto: Boris Kossoy – A Noiva, 1970
Esse ano de 2015 marca uma data importante para a fotografia nacional: os 50 anos de atividade como fotógrafo, teórico e historiador do professor Boris Kossoy.
Em 1965, após se graduar como arquiteto pelo Mackenzie, Boris Kossoy abre o Estúdio Ampliart, na rua Marquês de Itu, no bairro de Santa Cecília, São Paulo. Para ele, o começo de tudo.
O curioso e por outro lado gratificante, é que a grande homenagem venha de longe: da Suíça. Em 10 de setembro, abre a exposição IMAGO: Sobre o aparente e o oculto. Boris Kossoy – 50 anos de fotografia, na Fundação Brasileia, em Basel.
Na ocasião, Kossoy fará sessão de autógrafos da edição alemã do seu livro Hercule Florence, que acaba de ser lançado pela editora LIT Verlag. Vale lembrar que, recentemente, Kossoy teve um de seus livros publicados na Espanha. Lo Efímero y lo Perpetuo en la Imagen Fotográfica (Ediciones Cátedra, 2014), foi lançado no Museu Reina Sofia, em Madri, na Espanha.
As obras de Kossoy ocuparão dois andares do prédio com 88 fotografias da sua carreira. Muitas inéditas. No começo da exposição, 21 fotos do ensaio Viagem ao Fantástico, de 1971. Depois, tudo transcorre para uma edição formada por grupos e sub-grupos sem preocupações cronólogicas.
Kossoy se encarregou da edição, curadoria e expografia. Numa conversa, semana passada, deixou claro que a exposição tem um forte trabalho de edição e criação de narrativas num corpo fotográfico com várias vertentes, e enfatizou: “Quis produzir sentido na edição. Essa exposição fala da persistência de um olhar e de um modo de pensar e ver a vida”.
Sem parar, Kossoy terá uma agenda cheia em Basel: abertura da exposição, visita guiada, lançamento do novo livro, workshop e palestra para alunos de ensino superior de fotografia.
No último dia 19 de agosto, Dia da Fotografia, durante seminário na USP, Kossoy foi homenageado com a presença dos diretores da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e da ECA. Recebeu um diploma pelos 50 anos de atividade.
Site de Boris Kossoy.
Mais infos sobre a exposição.
Entrevista com Kossoy aqui no Olhavê em 2013.
Post no Sobre Imagens em 2010.

Fonte: Site Olhavê

http://olhave.com.br/2015/08/boris-kossoy-50-anos-de-fotografia/

O Olhar de um colecionar

O olhar de um colecionador 

Por Ricard Akagawa

 

O que o mercado de arte pode esperar em 2015?
Estamos vivendo um momento delicado, não apenas no mercado de arte, mas no mercado em geral, tanto no Brasil quanto no exterior. No nosso país, em especial, percebemos um cenário em compasso de espera e cautela, como se todos estivessem a observar quais os rumos que tudo vai tomar; aliada a tudo isso, pesa a desvalorização contundente da nossa moeda.
Por conta disso, receio que este ano não trará nada de muito marcante ou especial. Lá fora, a Europa continua se reestruturando depois da crise e o momento em que vive também é instável, refletindo no cenário das artes. 
Mas são nestes momentos de crise que geralmente aparecem as mais desejadas e importantes obras-primas, tanto de arte moderna quanto contemporânea, dificilmente disponíveis no mercado. Por ser um momento de instabilidade e baixa liquidez de obras regulares, estas obras magníficas tendem a ser oferecidas. Por isso vale ficar atento e, com um pouco de sorte e muita felicidade, é possível adquiri-las para a sua coleção.
Outro grande termômetro e indicativo deste cenário instável são as feiras internacionais de arte. Durante elas, é possível perceber que os mercados locais não estão fortalecidos, já que os expositores têm levado obras de destaque, em busca de novos compradores para suas peças. Com isso, as feiras, que já tinham um peso enorme neste mercado, estão ainda mais intensas e valiosas.
Como qualquer outro mercado, o de arte também tem vários níveis e esferas, segmentado de forma a atender desde os colecionadores mais novatos e que buscam peças com preços mais acessíveis, até os grandes colecionadores, que buscam só a nata do mercado. Por isso, as feiras também vêm se multiplicando, para conseguir satisfazer a todas estas camadas de oferta e procura. Além das feiras já estabelecidas, dezenas de outras acontecem mensalmente, com os galeristas ávidos por compradores de além de suas áreas de atuação.
Mas há algo de bom a se comemorar, afinal. Com o sucesso das grandes mostras do ano passado, que atraíram multidões (como as de Yayoi Kusama, Dali e Ron Mueck), outras iniciativas semelhantes serão repetidas em 2015. Estas exposições consideradas verdadeiros blockbusters servem para atrair novos públicos e despertar o olhar daqueles que pouco têm acesso às artes visuais. Eventos como estes servem de porta de entrada para um mundo novo, para que cada vez mais pessoas sintam-se atraídas a conhecer, estudar ou simplesmente admirar a Arte. Não é muita coisa, mas é um bom começo, para que a população tenha este contato com a arte e a cultura universal e possa, aos poucos, ampliar o seu repertório de conhecimento.
Publicado em Abril de 2015
Fonte: Touch of Class # 321 - Revista de Artes Plásticas

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Erika Verzutti

Individual de Erika Verzutti no Sculpture Center de Nova York vai até agosto

Trabalhando entre materiais sintéticos e orgânicos, a brasileira Erika Verzutti cria objetos híbridos e situações que interrogam as relações entre formas e organismos em sua individual “Swan With Stage”.
A peça central da exposição, que acontece até 3 de agosto no Sculpture Center, em Nova York, é uma escultura abstrata que remete a um cisne, de quase quatro metros de altura, e funciona como monumento, personagem e palco. A peça é cercada por um grupo de fotografias em preto e branco, com imagens que mostram um ator e um cisne clicados em vários momentos de drama e comédia, nunca culminando em uma narrativa completa.
A exposição de Verzutti é comporta por trabalhos novos, incluindo Swan with Stage e a série fotográfica relacionada. Em complemento, a artista recriou alguns de seus trabalhos em bronze, incorporando a cor azul em cada obra. A escolha da cor azul é arbitrária, embora a decisão de incluí-la seja deliberada. Compartilhando a cor azul em comum, a cor cria sua própria variação, operando de forma diferente em cada escultura, tornando-se mais distinta através de suas comparações.
Fonte: Touch of Class # 316 - Revista de Artes Plásticas

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O olhar de um colecionador

Por Ricard Akagawa

 

O que o mercado de arte pode esperar em 2015?
Estamos vivendo um momento delicado, não apenas no mercado de arte, mas no mercado em geral, tanto no Brasil quanto no exterior. No nosso país, em especial, percebemos um cenário em compasso de espera e cautela, como se todos estivessem a observar quais os rumos que tudo vai tomar; aliada a tudo isso, pesa a desvalorização contundente da nossa moeda.
Por conta disso, receio que este ano não trará nada de muito marcante ou especial. Lá fora, a Europa continua se reestruturando depois da crise e o momento em que vive também é instável, refletindo no cenário das artes. 
Mas são nestes momentos de crise que geralmente aparecem as mais desejadas e importantes obras-primas, tanto de arte moderna quanto contemporânea, dificilmente disponíveis no mercado. Por ser um momento de instabilidade e baixa liquidez de obras regulares, estas obras magníficas tendem a ser oferecidas. Por isso vale ficar atento e, com um pouco de sorte e muita felicidade, é possível adquiri-las para a sua coleção.
Outro grande termômetro e indicativo deste cenário instável são as feiras internacionais de arte. Durante elas, é possível perceber que os mercados locais não estão fortalecidos, já que os expositores têm levado obras de destaque, em busca de novos compradores para suas peças. Com isso, as feiras, que já tinham um peso enorme neste mercado, estão ainda mais intensas e valiosas.
Como qualquer outro mercado, o de arte também tem vários níveis e esferas, segmentado de forma a atender desde os colecionadores mais novatos e que buscam peças com preços mais acessíveis, até os grandes colecionadores, que buscam só a nata do mercado. Por isso, as feiras também vêm se multiplicando, para conseguir satisfazer a todas estas camadas de oferta e procura. Além das feiras já estabelecidas, dezenas de outras acontecem mensalmente, com os galeristas ávidos por compradores de além de suas áreas de atuação.
Mas há algo de bom a se comemorar, afinal. Com o sucesso das grandes mostras do ano passado, que atraíram multidões (como as de Yayoi Kusama, Dali e Ron Mueck), outras iniciativas semelhantes serão repetidas em 2015. Estas exposições consideradas verdadeiros blockbusters servem para atrair novos públicos e despertar o olhar daqueles que pouco têm acesso às artes visuais. Eventos como estes servem de porta de entrada para um mundo novo, para que cada vez mais pessoas sintam-se atraídas a conhecer, estudar ou simplesmente admirar a Arte. Não é muita coisa, mas é um bom começo, para que a população tenha este contato com a arte e a cultura universal e possa, aos poucos, ampliar o seu repertório de conhecimento.
Publicado em Abril de 2015
Fonte: Touch of Class # 319 - Revista de Artes visuais

Cindy Sherman 


Cindy Sherman 
Ao voltar a câmera para si mesma, Cindy Sherman construiu seu nome como um dos mais respeitados na fotografia do final do século XX. Embora seja a protagonista da maioria de suas fotografias, não podemos dizer que sejam autorretratos. Ao invés de mostrar seu próprio rosto, Sherman exibe personagens construídos e incorporados por ela, como veículos para refletir sobre inúmeros aspectos do mundo moderno: o papel da mulher, o papel do artista e muitas outras questões. 

É através destas fotografias ambíguas e ecléticas que Sherman tem desenvolvido um estilo e assinatura próprios. Através de diferentes séries, Sherman tem levantado questões desafiadoras e importantes sobre o papel e a representação das mulheres na sociedade, na mídia e na criação artística.

Cynthia Morris Sherman nasceu em Nova Jérsei, no ano de 1954, e foi criada no subúrbio de Long Island, em Nova York. O hobby de seu pai era colecionar câmeras e tirar fotos da família. Quando criança, Cindy passava muito tempo brincando de vestir-se, atividade que mais tarde usou em seu trabalho. Em 1972, Sherman se matriculou na State University College em Buffalo, NY, onde estudou pintura. A artista pintou autorretratos e imagens realísticas encontradas em revistas e outras fotografias.

Em 1975, Sherman foi introduzida à arte conceitual, o que teve um efeito libertador sobre ela. Ela voltou à sua paixão de infância e passou a se vestir para seus trabalhos, gastando muitas horas tentando transformar sua aparência. Ela viu o potencial de usar a fotografia para libertar sua criatividade.

Das pinturas em estilo super-realista da escola, durante o período de repercussão do feminismo americano, Sherman voltou-se para a fotografia no final da década de 1970, a fim de explorar a ampla gama de papéis sociais femininos. Ela buscou trazer a tona a sedutora - e muitas vezes opressiva - influência da comunicação de massa sobre as questões femininas individuais e coletivas. Virando a câmera para si mesma, em um jogo de encenação com figurinos, maquiagem e poses, faz um trabalho inquietante, centralizado na era do consumismo e da proliferação das imagens do final do século 20.
Em 1975 ela produziu uma serie chamada "Cutouts" onde ela era a personagem de seu próprio enredo. Ela então tomou as fotografias e as recortou, reorganizando-as sobre painéis de papel. Estas obras foram incluídas em uma exposição em Nova York. Ao final de seu segundo curso de fotografia, Sherman percebeu que ela nunca mais voltaria a pintar.
Aos 23 anos, Sherman se mudou pra a cidade de Nova York. Ela continuou suas performance, fotografando a si mesma em seu apartamento, nos espaços ao ar livre de Nova York e em Long Island. Sherman tirou a maioria das fotografias, mas a família e amigos clicaram outras.
Sherman conquistou a crítica com "Untitled Film Stills", série de 69 fotografias em branco e preto clicadas entre 1977 e 1980, onde ela utilizou diferentes figurinos, cenários e expressões faciais para se transformar em inúmeros arquétipos femininos: atrizes de filmes B, dona de casa, prostituta, professora, dançarina. Nestas fotos, as personagens não estão especificadas, permitindo ao espectador construir suas próprias narrativas. E ela os incentivou a isso, insinuando-se através de suas poses para atrair os olhares. "Ela é boa o suficiente para ser uma atriz de verdade" disse certa vez Andy Warhol, cujo comentário está incluído no site do MoMA.
Em 1981 Sherman teve sua primeira exposição individual e, ao longo desta década, seu estilo começou a mudar, tornando-se mais denso. Enquanto Sherman trabalhava para uma linha de roupas, também produziu fotos que incluíam personagens e poses bizarros. Na série "Fairy Tales", as imagens típicas dos contos de fadas foram substituídas por morte e decadência. Monstros e seres com partes do corpo grotescas exageravam os estereótipos femininos e masculinos da arte ocidental. Sherman lançou seu olhar para a violência e o horror dos contos de fadas e suas estruturas sexuais.
"Sex Pictures" apresenta imagens surreais criadas com manequins e próteses. Na maioria de suas fotos, Shrman começou a usar partes de corpos encontrados em escolas de medicina e os incorporou em seus quadros.
A artista se voltou aos mestres antigos da pintura para buscar inspiração e criou séries de fotografias onde estava vestida como figuras famosas de Caravaggio, Raphael e outros. Na série "Historical Portraits".  A série se dedica a reinvenção da arte clássica usando grandes fotografias coloridas.
Artista notável, Sherman reconfigura seu rosto e seu corpo para a camera - seja através de sutis distorções ou grotescas próteses - para tornar-se em todas irreconhecível para sua audiência. Cada imagem é sobrecarregada com detalhes, cada nuance capturada pelo olhar da artista.
Desde o início da década de 1980 a maior parte do trabalho de Sherman tornou-se maior, em escala, e mais colorido, mas a sua principal preocupação – confrontar como a mídia influencia a nossa percepção de identidade – permanece constante. Nenhuma das fotografias tem títulos e as personagens de Sherman (com exceção das fotografias sequenciais da série "Untitled Film Still”) nunca se repetem, deixando o espectador a refletir sobre os trabalhos sem nenhuma narrativa da artista para auxiliar na tarefa.
Seus retratos estão tanto arraigados no presente quanto são um prolongamento das tradições da história da arte, levando o público a reconsiderar os estereótipos comuns e as premissas culturais.
Além de numerosas coletivas, seu trabalho foi o tema de exposições individuais no Museu Stedelijk de Amesterdã (1982), Whitney Museum of American Art, em Nova York (1987), Kunsthalle Basel (1991), Hirshhorn Museum and Sculpture Garden em Washington, DC (1995), Serpentine Gallery, em Londres (2003) e Martin-Gropius-Bau, em Berlim (2006), entre outros. Grandes retrospectivas do trabalho de Sherman foram organizadas pelo museu Boymans-van Beuningen em Roterdã (1996), Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (1997), Museu de Arte Moderna de Nova York (1997) e Jeu de Paume, em Paris (2007), MAM-SP (2007), SFMOMA, São Francisco (2009), MOCA, Los Angeles (2009), Milwaukee Art Museum (2012), Astrup Fearnley Museum, Oslo (2012), Pérez Art Museum Miami (2014) e Louisiana Museum for Moderne Kunst, Copenhague (2014).
Cindy Sherman vive em Nova York e é representada pelas galerias Metro Pictures Gallery de Nova York e Sprüth Magers (Berlim e Londres).


Fonte: Touch of Class # 319 - Revista de Artes Plásticas