domingo, 26 de setembro de 2010

FRAGMENTOS DO LIVRO ESCULPIR O TEMPO
A imagem constitui a mais plena expressão do que é típico, e quanto mais plenamente ela o expressar, tanto mais individual e única se tornará. Que coisa extraordinária é a imagem! Em certo sentido, ela é muito mais rica do que a própria vida, e talvez assim seja exatamente por expressar a idéia da verdade absoluta (Tarkovski,1990:133)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

IMAGENS DO CORPO

O FLAGRAR DO INSTANTE
   Conforme Santaella (1998), a fotografia, como qualquer outra imagem, é um signo. Qualquer signo, por sua natureza, na relação com aquilo que é por ele indicado, no que está nele representado, é um duplo; só pode funcionar como signo, porque representa, substitui, registra, está no lugar de alguma coisa que não é ele próprio, daí ser necessariamente um duplo.
   Na foto, o movimento é detido de uma só vez e o instantâneo só nos restitui um único instante do movimento, imobilizado. Assim, a imagem fotográfica não é apenas uma impressão luminosa, é também uma impressão trabalhada por um gesto radical que a faz por inteiro de uma só vez - o gesto do corte - que faz seus golpes recaírem ao mesmo tempo sobre o fio da duração e sobre o contínuo da extensão (Dubois, 1994).
   A imagem-ato fotográfica interrompe, detém, fixa, imobiliza, destaca, separa a duração, captando dela um único instante (Dubois, 1994:161).
   A fotografia, literalmente, aparece como uma fatia única e singular do espaço-tempo, cortada ao vivo. Ao aprisionar o instante, fixa-se o passageiro, o efêmero. Como instantâneos que são, guardam em si o momento irrepetível do disparo em que o obturador corta num só golpe, para sempre, inexoravelmente, o fluxo do tempo (Imagem, 1998:79).
   Santaella diz que, na feitura das imagens fotográficas, apesar de existirem algumas formas subsidiárias de tempo, como o tempo da exposição e o tempo da revelação, isto não modifica sua marca temporal básica de ser sempre um instantâneo; as imagens fotográficas são necessariamente imagens do instante (1998:79).
(Sallum,Maria del Pilar Trincas.Dissertação de Mestrado:2000, PUCSP)

sábado, 18 de setembro de 2010

A Imagem

O mundo das imagens se divide em dois domínios. O primeiro é o domínio das imagens como representações visuais: desenhos, pinturas, gravuras, fotografias e as imagens cinematográficas,  televisivas, holo e infográficas pertencem a esse domínio. Imagens, nesse sentido, são objetos materiais, signos que representam o nosso meio visual. O segundo é o domínio imaterial das imagens em nossa mente. Neste domínio, imagens aparecem como visões, fantasias, imaginações, esquemas, modelos ou, em geral, como representações mentais. Ambos os domínios da imagem não existem separados, pois estão inextricavelmente ligados já na sua gênese. Não há imagens como representações visuais que não tenham surgido de imagens na mente daqueles que a produziram, do mesmo modo que não há imagens mentais que não tenham alguma origem no mundo concreto dos objetos visuais. Os conceitos unificadores dos dois domínios da imagem são os conceitos de signo e representação. É na definição desses dois conceitos que reencontramos os dois domínios da imagem, a saber, o seu lado perceptível e o seu lado mental, unificados estes em algo terceiro, que é signo ou representação. O estudo das representações visuais e mentais é o tema de duas ciências vizinhas, a semiótica e a ciência cognitiva (Santaella e Noth: Cognição, semiótica, mídia :13,1998).