Por Ricard Akagawa
O que o mercado de arte pode esperar em 2015?
Estamos vivendo um momento delicado, não apenas no mercado de arte, mas no mercado em geral, tanto no Brasil quanto no exterior. No nosso país, em especial, percebemos um cenário em compasso de espera e cautela, como se todos estivessem a observar quais os rumos que tudo vai tomar; aliada a tudo isso, pesa a desvalorização contundente da nossa moeda.
Por conta disso, receio que este ano não trará nada de muito marcante ou especial. Lá fora, a Europa continua se reestruturando depois da crise e o momento em que vive também é instável, refletindo no cenário das artes.
Mas são nestes momentos de crise que geralmente aparecem as mais desejadas e importantes obras-primas, tanto de arte moderna quanto contemporânea, dificilmente disponíveis no mercado. Por ser um momento de instabilidade e baixa liquidez de obras regulares, estas obras magníficas tendem a ser oferecidas. Por isso vale ficar atento e, com um pouco de sorte e muita felicidade, é possível adquiri-las para a sua coleção.
Outro grande termômetro e indicativo deste cenário instável são as feiras internacionais de arte. Durante elas, é possível perceber que os mercados locais não estão fortalecidos, já que os expositores têm levado obras de destaque, em busca de novos compradores para suas peças. Com isso, as feiras, que já tinham um peso enorme neste mercado, estão ainda mais intensas e valiosas.
Como qualquer outro mercado, o de arte também tem vários níveis e esferas, segmentado de forma a atender desde os colecionadores mais novatos e que buscam peças com preços mais acessíveis, até os grandes colecionadores, que buscam só a nata do mercado. Por isso, as feiras também vêm se multiplicando, para conseguir satisfazer a todas estas camadas de oferta e procura. Além das feiras já estabelecidas, dezenas de outras acontecem mensalmente, com os galeristas ávidos por compradores de além de suas áreas de atuação.
Mas há algo de bom a se comemorar, afinal. Com o sucesso das grandes mostras do ano passado, que atraíram multidões (como as de Yayoi Kusama, Dali e Ron Mueck), outras iniciativas semelhantes serão repetidas em 2015. Estas exposições consideradas verdadeiros blockbusters servem para atrair novos públicos e despertar o olhar daqueles que pouco têm acesso às artes visuais. Eventos como estes servem de porta de entrada para um mundo novo, para que cada vez mais pessoas sintam-se atraídas a conhecer, estudar ou simplesmente admirar a Arte. Não é muita coisa, mas é um bom começo, para que a população tenha este contato com a arte e a cultura universal e possa, aos poucos, ampliar o seu repertório de conhecimento.
Publicado em Abril de 2015
Fonte: Touch of Class # 319 - Revista de Artes visuais