Conforme Santaella (1998), a fotografia, como qualquer outra imagem, é um signo. Qualquer signo, por sua natureza, na relação com aquilo que é por ele indicado, no que está nele representado, é um duplo; só pode funcionar como signo, porque representa, substitui, registra, está no lugar de alguma coisa que não é ele próprio, daí ser necessariamente um duplo.
Na foto, o movimento é detido de uma só vez e o instantâneo só nos restitui um único instante do movimento, imobilizado. Assim, a imagem fotográfica não é apenas uma impressão luminosa, é também uma impressão trabalhada por um gesto radical que a faz por inteiro de uma só vez - o gesto do corte - que faz seus golpes recaírem ao mesmo tempo sobre o fio da duração e sobre o contínuo da extensão (Dubois, 1994).
A imagem-ato fotográfica interrompe, detém, fixa, imobiliza, destaca, separa a duração, captando dela um único instante (Dubois, 1994:161).
A fotografia, literalmente, aparece como uma fatia única e singular do espaço-tempo, cortada ao vivo. Ao aprisionar o instante, fixa-se o passageiro, o efêmero. Como instantâneos que são, guardam em si o momento irrepetível do disparo em que o obturador corta num só golpe, para sempre, inexoravelmente, o fluxo do tempo (Imagem, 1998:79).
Santaella diz que, na feitura das imagens fotográficas, apesar de existirem algumas formas subsidiárias de tempo, como o tempo da exposição e o tempo da revelação, isto não modifica sua marca temporal básica de ser sempre um instantâneo; as imagens fotográficas são necessariamente imagens do instante (1998:79).
(Sallum,Maria del Pilar Trincas.Dissertação de Mestrado:2000, PUCSP)